Historia do Rock no Brasil

Historia do rock no Brasil


Década de 1950

O "pontapé inicial" do rock no Brasil foi Nora Ney (conhecida cantora de samba-canção) quando gravou o considerado primeiro rock, "Rock around the Clock", de Bill Haley & His Comets (trilha do filme Sementes da Violência), em outubro de 1955, para a versão brasileira do filme.[1] Em uma semana a canção já estava no topo das paradas (mas Nora Ney nunca mais gravou nada no gênero, tirando a irônica "Cansei do Rock", em 1961). Em dezembro, a mesma canção recebia versão em português, "Ronda das Horas" (por Heleninha Ferreira) e outra gravada por um acordeonista, não tão bem sucedidas quanto a "original".
Em 1957, foi gravado o primeiro rock original em português, "Rock and Roll em Copacabana", escrito por Miguel Gustavo (futuro autor de "Para Frente Brasil") e gravada por Cauby Peixoto.[1] Entre 57 e 58, diversos artistas gravaram versões de músicas americanas, como "Até Logo, Jacaré" ("See You Later, alligator"),"Meu Fingimento" ("The Great Pretender" dos The Platters) e "Bata Baby" (Long Tall Sally de Little Richard).[2]
Embora em 57 o grupo Betinho & Seu Conjunto, de "Enrolando o Rock" tenha alcançado grande fama[2], os primeiros ídolos do rock nacional foram os irmãos Tony e Celly Campelo que, em 1958, lançaram o compacto Forgive Me/Handsome Boy, que vendeu 38 mil cópias. Tony gravaria mais dois singles até seu álbum em 1959, e Celly estourou em 1959 com "Estúpido Cupido" (120 mil cópias vendidas), chegando a ter boneca própria (com a qual aparece na capa de seu LP "Celly Campello, A Bonequinha Que Canta").
Os Campello também apresentariam Crush em Hi-Fi na Rede Record, programa totalmente voltado para a juventude, que revelou diversas bandas.Outros programas também surgiram para aproveitar a "febre" como Ritmos para a Juventude (Rádio Nacional-SP), Clube do Rock (Rádio Tupi -RJ) e Alô Brotos! (TV Tupi). Em 1960, surgira até a Revista do Rock.

Década de 1960

O começo da década foi marcado pelo surgimento de grupos instrumentais como The Jet Black's, The Jordans e The Clevers (futuros Os Incríveis), e do cantor Ronnie Cord, que lançaria dois "hinos": a versão "Biquíni de Bolinha Amarelinha" e a rebelde "Rua Augusta".
Até que surge um capixaba que se tornaria o maior ídolo do Rock Nacional dos anos 60 e, posteriormente, o maior nome da música brasileira: Roberto Carlos, que emplacou dois hits em 1963: "Splish Splash" e "Parei na Contramão". No ano seguinte, obteve mais sucessos como "É Proibido Fumar" (mais tarde regravada pelo Skank) e "O Calhambeque". Aproveitando o sucesso, a Rede Record lançou o programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto ("Rei"), seu amigo Erasmo Carlos ("Tremendão") e Wanderléa ("Ternurinha"). Só nas primeiras semanas, atingira 90% da audiência.
Seguindo o sucesso das Jovem Guarda, surgem entre outros, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, Jerry Adriani, Eduardo Araújo e Ronnie Von, que tinham seu som inspirado nos Beatles (o gênero apelidado "iê-iê-iê") e no rock primitivo. A Jovem Guarda também levou a todo tipo de produto e filmes como Roberto Carlos em Ritmo de Adventura (seguindo a trilha de A Hard Day's Night e Help! dos Beatles).
Apesar disso, os artistas da MPB "declararam guerra" ao iê-iê-iê da Jovem Guarda, chegando a um protesto de Elis Regina, Jair Rodrigues, entre outros, conhecido "Passeata contra as guitarras elétricas". O programa terminaria em 1968, com a saída de Roberto Carlos.
Então, surgiria a Tropicália. Em 1966, surgiram Os Mutantes: Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, com seu deboche e som inovador. Em 1967, a dupla Caetano Veloso e Gilberto Gil faria as canções "Alegria, Alegria" e "Domingo no Parque", apresentadas no III Festival da Rede Record. No ano seguinte, o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band fascinou a dupla, levando a apresentações vaiadas em festivais de Record e Excelsior, e ao álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, com Mutantes, Gal Costa, Tom Zé, Torquato Neto, Capinan, Rogério Duprat e Nara Leão, considerado um dos melhores álbuns brasileiros da história.
Os Mutantes também criariam carreira grandiosa, com álbuns elogiados a partir de 1968 e chegando a influenciar até Kurt Cobain, do Nirvana. O grupo começaria a se desmanchar com a saída de Rita Lee, em 1973.

Década de 1970

O endurecimento do Regime militar levou Caetano e Gil ao exílio em Londres, onde viveram de 1969 a 1972. Durante o período, gravaram dois discos considerados dos seus melhores, Transa (Caetano), e Expresso 2222 (Gil).
Após sair dos Mutantes no final de 1972, Rita Lee iniciou uma muito bem sucedida carreira solo, acompanhada do grupo Tutti Frutti. É nesse período, que ela lança o seu mais memorável álbum: o Fruto Proibido de (1975), disco este, que contém os sucessos "Agora só falta você", "Esse tal de Roque Enrow" e "Ovelha Negra". Arnaldo Baptista também gravou o aclamado Loki? (1974). Os Mutantes ainda atravessaram a década convertidos ao rock progressivo, passando por várias formações e dissolvendo-se em 1978.
Em 1973, surgiram Secos & Molhados, liderados por João Ricardo, com Ney Matogrosso como vocalista, que faziam a chamada "poesia musicada", com canções muito bem elaboradas como "Rosa de Hiroshima" ou "Prece Cósmica", apesar de alguns flertes menos poéticos e mais divertidos como "O Vira". Dois álbuns e um ano depois, em 1974, o grupo com sua formação clássica (João, Ney e Gerson Conrad) se desfez.
Em 1973 também surgiu outro ícone: Raul Seixas, que vendera 600.000 compactos de "Ouro de Tolo" em poucos dias e se tornaria "bardo dos hippies" com músicas debochadas como "Mosca na Sopa" e "Maluco Beleza", esotéricas como "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" e "Gita", e as motivacionais "Metamorfose Ambulante" ( que compunha aos 14 anos) e "Tente Outra Vez".
Movimentos surgiram em outros locais do Brasil: em Minas Gerais, o "Beatlesco" Clube da Esquina, liderado por Milton Nascimento e Lô Borges; e no Nordeste, a "nova onda" dos Novos Baianos, além da chamada "Invasão Nordestina": artistas que misturaram o sertanejo ao rock, como Fagner, Zé Ramalho e Belchior.
Mesmo com o pouco espaço na mídia, várias bandas e estilos se destacavam no circuito underground da época, como o progressivo regional de O Terço (que chegou a gravar um álbum em inglês voltado para o mercado italiano), o hard rock do Made in Brazil, o rock rural de Sá, Rodrix e Guarabyra e o hard progressivo do Casa das Máquinas.


Década de 1980

Atribui-se a esta década a popularização do rock brasileiro, movimento que surgiu para aproveitar a onda do estilo musical (rock) que já havia se consagrado mundialmente nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como os Titãs e Os Paralamas do Sucesso permanecem ativas até hoje, fazendo apresentações por todo o Brasil. Outras bandas e artistas da época, como Legião Urbana e Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande sucesso entre o público, principalmente adolescentes.
Nos anos 80, ocorreu a verdadeira "explosão" do rotulado "BRock". Isso se deve em parte à criação de casas de show, como Noites Cariocas e Circo Voador (Rio) e Aeroanta (São Paulo). As primeiras bandas a fazerem sucesso foram os irônicos Blitz ("Você não soube me amar") e Eduardo Dusek ("Rock da Cachorra", junto com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), no batizado "Verão do Rock", em 1982.
As bandas mais cultuadas dos anos 80 formam um "quarteto sagrado"[carece de fontes]. São elas: Os Paralamas do Sucesso, cariocas (que se conheceram em Brasília) surgidos em 82, com um reggae parecido com o The Police e influência ska de Lauren Aitken ; Titãs, paulistas (mais tarde "suavizados"). Inicialmente, juntavam as estéticas da new wave e do reggae com a da MPB, e, de 1982 à 1984, a banda era formada por nove integrantes - além dos músicos que continuam no grupo, fizeram parte do conjunto: Ciro Pessoa (vocais), Arnaldo Antunes (vocais), Marcelo Fromer (guitarra) e Nando Reis (baixo/vocais), logo se tornando um octeto, numa formação que duraria até 1992, com a saída de Arnaldo. O baterista do grupo Ira!, André Jung, tocou seu instrumento no primeiro trabalho titânico, depois cedendo seu posto a Charles Gavin; Os cariocas Barão Vermelho, surgidos em 82 e liderados por Cazuza. Com a saída dele (que teve carreira-solo bem sucedida), o guitarrista Frejat assumiu os vocais; e a mais influente Legião Urbana, liderada por Renato Russo, surgida em 82, emplacando alguns sucessos como Faroeste caboclo, Será e Eduardo e Mônica que chegaram ao topo das rádios. A banda acabou com a morte de Renato Russo, em 1996. Os outros legionários que compunham a banda eram: Marcelo Bonfá (bateria) e Dado Villa-Lobos (Guitarra). Renato Rocha foi baixista da banda até 1988.
E teve outras também de grandes sucessos na época, como as bandas Sempre Livre, Gang 90 e as Absurdettes, Biquini Cavadão, Hanói Hanói, Hojerizah, Harmony Cats, Lobão e os Ronaldos, Metrô, Magazine, Grafitti,Ed Motta & Conexção Japeri, além de cantores(as) como Marina Lima, Léo Jaime, Ritchie, Kid Vinil, Fausto Fawcett, entre outros.
Vários locais do Brasil tinham suas bandas surgindo no Rio de Janeiro, surgiram os alegres Kid Abelha e Léo Jaime; Uns e Outros e o fim da banda Vímana revelou Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz) e Ritchie; em São Paulo, o Festival Punk de 81 revelou Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Além dessa cena, surgiram as principais bandas paulistas, como Ultraje a Rigor (no qual Edgard Scandurra tocou antes do Ira!), Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô (banda),e Kid Vinil (então vocalista da banda Magazine). Sem se esquecer da cena independente muito bem representados pelo Fellini, Smack, Voluntários da Pátria, Akira S E Garotas Que Erram, e Mercenárias; em Brasília, o Aborto Elétrico (em que Renato Russo tocara) virou o Capital Inicial (que acabou se fixando em São Paulo), e a Plebe Rude teve o sucesso "Até Quando Esperar"; e no Rio Grande do Sul, os "cabeças" Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós chegaram ao sucesso nacional. Também estouraram bandas gauchas de rock como TNT, Taranatiriça, Cascavelletes, Os Replicantes, Os Eles, Bandaliera,Garotos da Rua, DeFalla. Na Bahia, chegou ao sucesso o Camisa de Vênus.
No heavy metal, originou-se em Minas Gerais a banda brasileira de maior sucesso internacional, o Sepultura, que toca o gênero extremo thrash metal, com letras em inglês. Outra banda a conseguir algum destaque no exterior (Japão) foi a paulista Viper, que também escrevia letras em inglês, e que ajudou a desenvolver um estilo que viria a ser chamado de metal melódico no Brasil. O Viper foi também responsável por revelar o vocalista Andre Matos, que participaria de duas grandes bandas brasileiras: Angra e Shaman.


Década de 1990

Skank.
A década começou com apenas uma novidade: a MTV Brasil, em 1990. E o primeiro "grande grupo" da década foram os mineiros Skank, que misturavam rock e reggae. Ao longo da década, outros grupos mineiros surgiriam, como Pato Fu, Jota Quest e Tianastacia.
Em 1994, surgiu em Recife o movimento Mangue beat, liderados por Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. O movimento misturava percussão nordestina a guitarras pesadas, conquistando a crítica.
Entre 94 e 95 surgiram dois grupos bem-sucedidos pelo humor: os brasilienses Raimundos (94), com o ritmo forrocore" (forró+hardcoe) e os guarulhenses Mamonas Assassinas (95), parodiando do heavy metal ao sertanejo, que chegaram a fazer 3 shows por dia e venderam 1,5 milhão de cópias antes de morrerem em um acidente de avião, em 96 (chegaram a 2,6 milhões).
Alguns rappers tiveram ligação íntima com o rock, como Gabriel o Pensador, o Planet Hemp (que pedia a legalização da maconha) e o Pavilhão 9 (que falava de violência policial).
O Sepultura teve um crescimento de popularidade nos anos 90, culminando no álbum Roots, que fez da banda uma das principais do heavy metal mundial na época e lhes rendeu razoável exposição no mainstream. Pouco tempo depois, Max Cavalera, membro fundador e frontman, saiu da banda, dando lugar a Derrick Green.
Seguindo o caminho do Sepultura, o Angra também gravou músicas em inglês, misturando power metal com ritmos tipicamente brasileiros. A banda alcançou sucesso na cena heavy metal brasileira e reconhecimento mundial, sendo muito bem recebidos na França e, principalmente, Japão.
Outros destaques são O Rappa, também reggae/rock; Charlie Brown Jr., um "skate punk" com vocais rap; Cássia Eller, com um repertório de Cazuza e Renato Russo; e Los Hermanos, que surgiram com "Anna Júlia", canção pop que não combinava com a imagem intelectual da banda.
Outro fato da década é que todas as bandas do "quarteto sagrado" (exceto a Legião) tiveram de se reinventar para reconquistar audiência: os Paralamas, depois de uma fase experimental, voltaram às paradas com Vamo Batê Lata (95); o Barão Vermelho, com o semi-eletrônico Puro Êxtase(98); e os Titãs, com seu Acústico MTV (97). Depois de um tempinho, surgiram Wilson Sideral e Flávio Landau (ambos irmãos de Rogério Flausino vocalista do Jota Quest); Wilson Sideral emplacou nas rádios brasileiras o seu primeiro sucesso que foi a faixa "Não pode parar", e depois de um tempo foi "Zero a zero".


Década de 2000



Banda apresentando-se em festival de Rock promovido pelo SESC, em Boa Vista (Roraima)
O ano de 2001 foi um ano "trágico" para o rock brasileiro. Herbert Vianna, dos Paralamas, sofreu acidente de ultraleve e ficou paraplégico (mas voltou a tocar); Marcelo Frommer, dos Titãs, morreu atropelado; Marcelo Yuka, d'O Rappa, foi baleado e ficou paraplégico (saiu da banda); e Cássia Eller morreu.
As bandas dos 90 passaram por muitas mudanças: o Skank ficou mais britpop e cheio de experimentalismo nas músicas o que foi visto nos discos Cosmotron (2003) e Carrossel (2006); o líder dos Raimundos, Rodolfo, converteu-se a uma igreja evangélica e saiu da banda para formar o Rodox (que também acabaria algum tempo depois) (atualmente faz carreira solo com músicas gospel);
Também surgiu a banda Detonautas Roque Clube na ativa desde 1997, são reconhecidos pelo grande público em 2002, chegando a abrir shows de Red Hot Chili Peppers e Silverchair.
No heavy metal brasileiro, embora permaneçam underground, viu-se o surgimento de novas bandas que conseguiram carreira internacional: Shaman, Hangar, Mindflow, Hibria, Torture Squad, Burning in Hell, Shadowside, entre outras. As bandas consagradas da década passada, como Dr. Sin, permaneceram como grandes nomes na cena metálica, que teve Sepultura e Angra ainda como suas principais figuras. Igor Cavalera, último membro original, deixou o Sepultura em 2006. O Angra também passou por mudanças em sua formação: Andre Matos, Luis Mariutti e Ricardo Confesori saíram, sendo substituídos por Eduardo Falaschi, Felipe Andreoli e Aquiles Priester, respectivamente. Andre Matos, juntamente com os outros ex-membros do Angra, formaram o Shaman, que logo alcançou o status de grande banda. Atualmente, Andre Matos segue em carreira solo.
Uma das maiores revelações no rock brasileiro foi a cantora baiana Pitty,que emplacou hits como "Semana que Vem","Na Sua Estante" e memorias".
A partir dos anos 2000, começaram a surgir bandas de rock com influências do emotional hardcore, que ganharam muito destaque graças à internet e a redes sociais, como o Orkut. Alguns exemplos dessa grande safra de bandas são o Nx Zero e Fresno, que têm letras simples e óbvias, que tratam de sentimentos e emoções e que ainda fazem muito sucesso entre o público jovem. E, mais atualmente, a partir de 2009, uma nova tendência tomou conta do cenário musical brasileiro: o "Happy Rock", ou rock colorido, especialmente dedicado para o público feminino jovem e tem como suas principais características as roupas coloridas, óculos new wave, uso de sintetizadores e letras agitadas, alegres. O visual das bandas de Happy Rock também remete muito à Androginia de diversas bandas dos anos 80, como o Culture Club, liderado pelo vocalista andrógeno Boy George. Os principais representantes desse novo segmento são as bandas Restart e Cine, entre outras.

Por: @otonleao

Straight Edge

Straight Edge (abreviado para sXe ou SxE) é um modo de vida associado a música Punk/Hardcore. Ele defende a total e perene abstinência em relação ao tabaco, álcool e as chamadas drogas ilícitas.
Teve como precursores a banda de Hardcore Minor Threat, que ficou famosa em todo o mundo, mas foi mais famosa em países industrializados como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e parte da Europa Ocidental. Embora os straight-edgers ou "edge kids" não se identifiquem com uma visão de mundo particular nos pontos de vistas sociais ou políticos, muitos deles estão associados à preceitos como o anarquismo, vegetarianismo, veganismo, socialismo, sustentabilidade e movimentos ecológicos. Em correntes minoritárias, ideologias conservadoras e religiosas e pontos de vista de extrema direita também estão presentes, ainda que maior parte dos Straight Edgers sintam profunda aversão a elas e ao preconceito de maneira geral, seja racial, nacional, sexual, etc.
Entre bandas straight edgers podemos citar além do Minor Threat, Youth of Today, Teen Idles, Gorilla Biscuits, Lärm, Bold, To See You Broken etc.

Visão geral :

Straight edge pode ser definido como uma anti-contracultura, modo de vida, ou como uma forma de resistência, abstendo-se de substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas.
A idéia surgiu com o início da cultura punk, no meio de jovens de culturas distintas que simplesmente não queriam fazer uso de drogas ou de bebidas alcólicas para se divertir.
Existem inúmeras razões pelas quais se escolhe ser "straight edge". Alguns o utilizam como um fundamento porque crêem que desta forma estarão mais envolvidas com sua saúde física e mental. Existem também os que se identificam com o movimento por partilharem da opinião de que a consensualização atual do uso de substâncias alteradoras do humor contribui para a anestesia política e contenção da contestação.
Quem adota esta postura procura uma forma de resistir, através da contracultura, à pressão social que incentiva o consumo de álcool, cigarro e drogas ilícitas.
Grande parte escolhe por ser vegetariano ou vegano, ainda que muitos não vejam nenhuma ligação entre o seu ideal e o vegetarianismo ou veganismo. Da mesma forma, muitos edgers optam pelo ateísmo ou cristianismo, de modo a assumir total responsabilidade por seus atos.

O 'X' :

Durante uma turnê do Teen Idles, eles tocaram em um bar de São Francisco, Califórnia, chamado Mabuhay Gardens, onde se marcavam os menores de idade com um X na mão. Assim, os garçons não vendiam bebidas alcoólicas para eles. A banda gostou tanto da idéia que levou-a para casa, onde vários clubes e bares adotaram a mesma política. Com o tempo, os adeptos da filosofia Straight Edge começaram a usar o X até fora dos bares, e mesmo depois de completarem a idade legal para beber. Assim, ele acabou se tornando o símbolo do movimento.
Algumas pessoas Interpretam os três “X" como a representação de "corpo", "mente" e "alma". Outros como símbolo da letra da música "Out of step" do Minor Threat: "I Don't Drink, I Don't Smoke, I Don't do drugs - At Least I can fuckin' think! [...]" (Eu não bebo, eu não fumo, eu não me drogo - Pelo menos eu consigo pensar, porra!). Na verdade, os três xis (XXX) tiveram sua origem em um trabalho artístico feito pelo baterista do Minor Threat, Jeff Nelson, no qual foram substituídas as três estrelas da bandeira da cidade natal da banda (Washington D.C.) pelos xis, usado na capa da coletânea "Flex Your Head" (lançada pela Dischord Records em 1982).
É muito comum tatuar o símbolo do X tanto na mão quanto em outras partes do corpo, ou usá-lo em roupas, button, patches, etc…
O X é considerado uma marca de negação e identidade. Colocá-lo em um nome pessoal ou de banda é uma prática comum para os straight edges.
Para algumas pessoas, o X é encarado como um rótulo, ou como uma espécie de segregação, elitismo. Na verdade, desenhá-lo tornou-se algo (contra)cultural para os adeptos, assim como os rebites e moicanos da cultura punk.

Origens:

No livro Our Band Could Be Your Life, MacKaye coloca que ele e seus amigos perdiam shows de suas bandas favoritas porque nas casas de shows que elas tocavam serviam bebidas alcoólicas. E em qualquer estabelecimento em que seja servido este tipo de bebida, em Washington, os menores de 21 anos não podem permanecer.
A banda de MacKaye, Teen Idles, fez uma turnê na costa oeste em 1980. Em São Francisco no Mabuhay Gardens, o dono do clube foi simpático aos jovens que queriam ver suas bandas preferidas e adotou a prática de marcar um grande "X" nas mãos dos adolescentes com uma caneta permanente de modo a prevenir ao barman que aqueles indivíduos não tinham a maioridade exigida para consumo de álcool.
Quando retornaram a Washington D.C., MacKaye deu a sugestão a vários donos de casas de show da área, para igualmente permitir a participação dos adolescentes de sua região nos shows, sem que consumissem álcool. Muitos clubes começaram a adotar o "X" e este veio a se tornar o símbolo máximo da abstinência quanto a álcool e drogas no meio. O EP dos Teens Idles, "Minor Disturbance", lançado pela influente DIY label Dischord Records em 1980 trazia duas mãos com o X na capa. Este EP marcou o inicio do que viria a ser a cena straight edge com o hardcore e o punk.
Existem diferentes pontos de vista no que diz respeito à origem do atual termo "straight-edge". A explicação mais comum é a de que foi criado pela banda Minor Threat em meados dos anos 80; o modo de vida straight-edge, que começou logo depois, está definido basicamente pelas letras do Minor Threat, como em Out of Step e Straight Edge. O 'movimento', ainda assim, nunca foi defendido pelo cantor Ian Mackaye, que achava que eram apenas escolhas pessoais que cada um fazia para sua própria vida e que ele fez para sua própria.
Existem evidências que o termo "Straight Edge" foi usado para indicar um estilo de vida vegetariano ou vegano no século XX. De acordo com artigos do BoingBoing  e Beatrice.com , existia um restaurante de comida vegetariana chamado "Straight Edge Kitchen" na cidade de New York na vila de Greenwich e mostra uma série de fotos e ilustrações de 1906 de um jornal chamado New York World que documenta um grupo de straight edgers comendo no restaurante

A Cena Straight Edge:

A cena da música Hardcore é/era vista por todos os que não estavam familiarizados como um todo de crianças raivosas, unidas com o propósito de fazer uma música rápida e anti-reacionária, na esperança de remodelar a sociedade que eles consideravam opressora. Ao menos a maioria das bandas de hardcore compartilham alguns destes temas em suas letras, políticas e atitudes que podem ir da direita para a distante esquerda, de extremos a moderados e da hostilidade para a hospitalidade.
O termo foi utilizado pela primeira vez na música "Straight Edge" e fez um apanhado de todos os conceitos que flutuavam nas mentes das pessoas na cena de Washington. Exatamente como muitos outros movimentos undergrounds, o straightedge estava formado. Muitos pregam a pureza completa do "militante", enquanto outros se policiam, sem querer se rotular como tendo o "edge". Alguns "garotos" straight edgers não utilizam o "X", por vários motivos, dentre eles o de fugir da auto-rotulação.
Enquanto a primeira leva do movimento straightedge se centralizou ao redor de Washington (Minor Threat, G.I., Faith) e nas bandas de Boston (SSD, DYS) de 1981-83, houve novas levas de bandas de todas as partes dos Estados Unidos e do mundo, se intitulando e propagando o “Straight Edge”.

Straight Edge no Brasil:

O movimento sXe chegou ao Brasil aos poucos. Durante os anos 80, a postura era rara, mas presente em alguns indivíduos dentro da cena punk. O primeiro registro de algo relacionado ao Straight Edge no país é a foto na contracapa da coletânea "Grito Suburbano" (o primeiro disco punk lançado no Brasil, de 1982), do vocalista do Olho Seco, Fábio Sampaio com um X pintado na mão.
Em 1989 foi formada em São Paulo a primeira banda “Straight Edge” nacional, o Energy Induct, que, no entanto não chegou a gravar ou fazer shows. Um de seus membros fundou anos depois o fanzine e selo Liberation e integrou a banda Point of No Return. O No Violence, fundado também em 1989 também foi uma das primeiras bandas nacionais a ser associada ao movimento, mas nem todos os membros eram adeptos da idéia.
No entanto, os primeiros exemplos inteiramente “Straight Edge” só apareceram em 1993 com as bandas Positive Minds e Personal Choice (encabeçada pelo atualmente controverso Fabio 'Nene' Altro, atual vocalista do Dance of Days). Poucos anos depois, o Positive Minds se transformou no Self Conviction, outra banda fundamental no início da cena no país. Todas essas bandas compartilharam membros e alguns deles formariam em 1996 o Point of No Return, que durante sua existência foi a mais conhecida e atuante banda “Straight Edge” do país.
Conforme surgiam as bandas, os membros e amigos (muitos ligados ao coletivo anarquista Juventude Libertária) passaram a organizar shows independentes, evitando bares e casas noturnas e inserindo algumas vezes atividades paralelas culturais e políticas. Estes shows foram o embrião da Verdurada, principal evento da cena “Straight Edge” nacional desde 1996, ocorrida inicialmente nos fundos de uma residência do bairro paulistano do Jabaquara, se mudando através dos anos para diversos galpões pela cidade, ocorrendo atualmente num galpão próximo ao metrô Jabaquara.
Em 1998 ano surgiu a banda Infect, formada por 5 garotas que tocavam um hardcore rápido e pesado, algo muito inovador para uma banda formada por garotas, visto que na época, era muito mais comum ver garotas tocando estilos musicais mais leves, como o rock ou até mesmo o punk rock. O Infect tratava em suas letras de temas como direito ao aborto, vegetarianismo, “Straight Edge” entre outros, e teve muito destaque dentro da cena “Straight Edge” brasileira e internacional, tendo seu material lançado na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1999 surgiu no Rio de Janeiro a banda de metalcore Confronto, com Dudu Moratori no baixo, Felipe Ribeiro na bateria, Felipe Chehuan nos vocais e Max na guitarra. A banda Se tornou o maior nome dentro da cena Straight Edge com show em todo o Brasil e cerca de 4 turnês na Europa.
Recentemente a banda se prepara para o lançamento do dvd de 10 anos de carreira gravado em abril deste ano no Galpão do Jabaquara, além de uma apresnetação histórica ao lado das bandas Sepultura e Torture Squad no Festival Tomarock em Duque de Caxias.
Outra banda feminina que acrescentou muito a cena Straight Edge, com letras feministas, anticapitalistas, vegetarianas e ambientalistas foi One Day Kills, que surgiu no ano de 2000, e era formada por seis garotas que faziam um hardcore muito pesado com duas vocais guturais. Em seu site até hoje é possível encontrar textos que expressam a visão política que elas tinham com relação aos temas citados acima. As duas bandas fizeram shows inesquecíveis no festival Verdurada.
A Verdurada é um evento que mistura shows (na maioria das vezes de hardcore/punk, mas nem sempre) com outras atividades, como palestras, exposições e vídeos sobre temas políticos, culturais, ecológicos ou que sejam considerados relevantes por algum motivo. Alguns dos princípios básicos da organização são o não consumo e venda de álcool e cigarros dentro do local, o "Faça Você Mesmo", ou seja, a independência (nada de empresas ou patrocinadores por trás) e a auto-organização. O evento é realizado por um coletivo formado por pessoas ligadas à cena hardcore/straight edge.
Com o tempo diversos grupos copiaram o formato, gerando diversos eventos independentes, interligados ou não ao coletivo da Verdurada, como a Verdurada, os Libfests (ligado à gravadora inicialmente straight edge, liberation), Pirituba terror, Animal Liberation Fest, entre outros.
Por : # Felipe_Ramos